Um estudo, denominado Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), revelou que no Estado do Rio de Janeiro, 46% das mortes de jovens com até 19 anos de idade são causadas por arma de fogo. Campos, por sua vez, está entre as cidades com um dos maiores índices. Segundo o Centro de Referência da Criança e do Adolescente, da Fundação Municipal da Infância e Juventude (FMIJ), somente este ano, até a data de ontem, 126 menores deram entrada no orgão em situação de risco. Destes, 36 evadiram, 18 foram transferidos para abrigos devido à gravidade do caso, cinco foram vítimas de tentativa de homicídio e dois retornaram para os lares.
O diretor do Centro, Jomar Falcão Mendes, lembrou de dois casos recentes em que os jovens, após fugirem do órgão, foram alvos de violência na rua. Um deles, que teve o corpo queimado na Praça Alzira Vargas, irá retornar para o orgão assim que tiver alta do Hospital Ferreira Machado (HFM). Jomar disse que 95% desses jovens têm envolvimento com o tráfico de drogas, principalmente com o crack. “Se eles não estão traficando a droga, estão envolvidos como consumidores. Infelizmente, nossa luta é desigual contra essa realidade. Nos sentimos frustrados. Assim que eles se recuperam, após alguns dias, fogem e retornam para as ruas”, afirmou ele, lembrando, ainda, que esses jovens, nas ruas, acabam sendo autores de furtos e roubos para o sustento dos vícios.
A doutoranda em sociologia e advogada, Daniela Bogado, chamou a atenção para as características desses jovens vítimas de assassinatos. Segundo ela, a etnia e o gênero também são fatores que aumentam a chance de um adolescente ser alvo de um homicídio.
“O ideal de masculinidade é muito forte entre os jovens. Existe o interesse de mostrar quem é mais homem, mais valente. Quanto à raça, infelizmente, os negros são as maiores vítimas. Isso porque a realidade em que muitos vivem está à margem da sociedade. O que não pode acontecer é a banalização desses fatos”, disse ela.
* Estagiária
Projeto para inserção no mercado de trabalho
Representantes da União Juventude Socialista de Campos (USJ) também falaram sobre os dados que a pesquisa realizada pela Unicef, em parceria com o Observatório de Favelas, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, revelou a respeito do futuro dos jovens do país. Assim como a estudo, que afirmou que entre 2006 e 2012 mais de 33 mil adolescentes entre 12 e 18 anos poderão ser assassinados no Brasil se a situação de segurança e desamparo social continuar a mesma, a diretora de arte e cultura da USJ, Jéssica Carvalho, revelou que o grupo já está preocupado com a causa há algum tempo. Segundo ela, está para ser aprovado um projeto de lei, que foi apresentado pelo vereador Antônio Marcos Silva, Papinha (PP), na Câmara Municipal, solicitando que todas as empresas financiadas pelo Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam) reservem 20% de suas vagas para jovens entre 16 e 29 anos, que ainda não tiveram a carteira de trabalho assinada.
monitorcampista.com.br
quinta, 23 de julho de 2009 - 10h39
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