Antes de ser propriamente uma usina, a Usina Paraíso foi um engenho movido à rodas d’água.
Desde 1848 o Sr. José Ignácio da Silva Pinto, o 2º Barão de São José, figurava nas páginas do Almanack Laemmert, entre os produtores de açúcar da Freguesia de São Gonçalo de Campos, atual distrito de Tocos. Consta no inventário de sua esposa, Jordiana Francisca de Miranda (Baronesa de São José), que faleceu em 1878, a indicação de uma de suas propriedades “...Fazenda Paraíso, com engenho, 85 bois de serviço, 136 cabeças de gado e 49 escravos;”
Desde 1848 o Sr. José Ignácio da Silva Pinto, o 2º Barão de São José, figurava nas páginas do Almanack Laemmert, entre os produtores de açúcar da Freguesia de São Gonçalo de Campos, atual distrito de Tocos. Consta no inventário de sua esposa, Jordiana Francisca de Miranda (Baronesa de São José), que faleceu em 1878, a indicação de uma de suas propriedades “...Fazenda Paraíso, com engenho, 85 bois de serviço, 136 cabeças de gado e 49 escravos;”
D. Pedro II em 1875, criou a política de engenhos centrais que visava montar fábricas com maquinário importado, moderno para a época, concedendo para isso empréstimos aos interessados e proibindo o uso de mão-de-obra escrava no processo de fabricação do açúcar. Essa era uma medida que tinha por objetivo introduzir aos poucos o trabalho livre no Brasil.
O primeiro engenho central a obter concessão imperial foi o de Quissamã. Ocorreu na região norte-fluminense também a criação de unidades fabris modernas desvinculadas da política do governo imperial de criação de engenhos centrais, essas unidades eram chamadas de usinas, palavra que acredita-se ter sido originada do francês “usine”.
Pelo decreto n. 10.182 de 29/12/1888, foi concedido pelo governo ao herdeiro do Barão de São José, Guilherme José de Miranda e Silva e seu sócio Vicente Pereira Ribeiro, o direito de montar um engenho central. Em 18 de junho de 1889, foi assinado o contrato para a construção do engenho:
“Os contractantes empreiteiros Terris & Frindlay, obrigam-se a montar na situação dos Tocos, na freguesia de São Gonçalo, n’este municipio, propriedade do contractante Guilherme José de Miranda e Silva, uma uzina para fabrico de assucar e aguardente, servida de quinze quilometros de estrada de ferro, com duas locomotivas e sessenta vagões; comprando para esse fim, por sua conta e risco, o material da Uzina de Araruama, mediante preço de trezentos e dez contos de réis.[...]”
De acordo com o relatório do engenheiro que fiscalizou esse engenho, em 1893 era uma fábrica de médio porte e funcionava precariamente.
No ano de 1900, esse engenho central foi adquirido pela Sucrerie du Cupim, que mediante autorização do governo federal, passou a denominar-se em 1907, Societé Sucrerries Bresilienne, empresa de franceses que possuía também em Campos a Usina do Cupim e mais 4 fábricas no Estado de São Paulo, as usinas: Piracicaba, Villa-Raffard, Porto-Feliz e Lorena. Durante a administração dos franceses, Victor Sence, também francês, chegou a trabalhar na Usina, no período de 1900 a 1912, pouco antes de montar sua própria usina, a Usina Conceição em Conceição de Macabu.
Após funcionar ininterruptamente por mais de 50 anos sob o comando da holding francesa Societé Sucrerries Bresilienne, os franceses resolveram encerrar suas atividades no Brasil e venderam suas usinas.
O pernambucano Geraldo Silveira Coutinho, comprou a Usina Paraíso no ano de 1964, e administrou juntamente com sua família por mais de 40 anos, tendo a frente dos negócios seu filho, o empresário Geraldo Benedicto Hayem Coutinho. Na safra de 2006, a usina produziu 855.500 sacas de açúcar, e 13.371 m³ de álcool hidratado.
Buscando diversificar suas atividades o grupo montou anexo a usina em 2006, a HC sucroquímica, única do ramo a produzir solventes (acetona e n-butanol) a partir da cana-de-açúcar, com isso seu parque industrial tornou-se um dos mais modernos do mundo.
Além dos aspectos históricos é importante ressaltar o caráter dominante da paisagem da usina, já que praticamente todos os moradores de Tócos direta ou indiretamente dependem da usina ou possuem parentes que trabalham nela. Muitos são os moradores que contam estórias da usina, estes têm um carinho especial pela fábrica. A Usina Paraíso existe no município há mais de 160 anos.
Moeda comemorativa da Usina Paraíso
Usina Ontem
Hoje
Usina Ontem
Hoje
*Este artigo é fruto de pesquisa que foi realizada durante o ano de 2005, quando a blogueira foi contratada pela Usina Paraíso para resgatar a memória empresarial da Usina. Infelizmente nada foi publicado à partir dos meus relatórios de pesquisa. Ficando o trabalho ainda inédito.
10 comentários:
Parabéns pelo resgate da nossa História!
Muito oportuno para entender um pouco das nossas origens e alguns fatos do nosso cotidiano!
Um abraço!
Professora,
Psrabéns pela história da Usina Central Paraíso. Não sou professor, mas sim, amante da boa história e também filho do saudoso escritor e historiador João Oscar - que escreveu vários livros , entre eles "Escravidãso & Engenhos" - falecido em 2006. A obra mencionada bem retrata a relação do escravismo no Norte Fluminense e a questão dos engenhos de açúcar e as Usinas Centrais. No meu blog eu coloquei um histórico da Usina Barcelos. Serei seguidor de seu blog com muito prazer.
Abraços
Andre Pinto.
S. J. da Barra.
Professora, está aí uma pequena demonstração de que se ampliar esse trabalho, aí envolvendo a história de mais aspecots de Campos, um livro seu seria um sucesso. Excelente trabalho.
Boa Noite!
Adorei o documentário, Meus avós foran nascidos e criados e tócos, meu, pais tios também, minha avó foi escrava e ainda é viva, morei por muitos anos em tócos, não tinha noção da Histório de nossa Usina, sim nossa Usina pois fez parte da histório de muitas pessoas, faz parte da história de muitas pessoas, e vai fazer história na vida de muitas e muitas pessoas,acho inclusive que deveria seguir em frente com a pesquisa, desejo sucesso, um forte abraço de Fábio Pierre, Filho de Chico do Sr. Pedro Orelinha(meu avo)que trabalhou até aposentar-se na usina Paraiso de Tócos.....Hoje moro na Cidade de Cabo Frio, e quando tenho oportunidade vou até tócos para visitar meus familiares a matar a saudade do Bairro.....beijos..
Saudades de Geraldo(tio)que sua familia continue seu belo trabalho!!
Saudades de GEraldoque sua familia continue com seu trabalho!
parabéns aos diretores da Usina Paraíso pelo projeto da escola de letras recém inaugurada ,Jorge de Souza Azeredo estagiário da Usina .
Parabéns pela pesquisa realizada.
Fiquei impressionada com toda essa matéria publicada no seu blog sobre a Usina Paraíso (desde o início). Sou moradora de Tócos, nascida aqui mesmo e estou muito feliz por saber que alguém escreve a história desse distrito, levando longe a nossa história. Meu pai foi operário desta usina e eu tenho muito orgulho de falar nos lugares onde vou, que eu moro na Rua Paraíso em Tócos , onde tem a Usina Paraíso. Poxa, hj estou muito feliz. Bjs
Marilene Monteiro de Siqueira
Parabéns e obrigado por resgatar a memória da Usina Paraíso, eu e minha família somos eternamente gratos aos seus esforços. E devo admitir que o seu trabalho foi fonte de inspiração para eu cursar História que sempre foi a minha grande paixão.
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