No ano passado ministrei uma capacitação em História e cultura afro-brasileira, para os professores da rede de Quissamã, e por esse trabalho fui convidada a fazer uma pesquisa que virou um artigo e integrou o recente trabalho sobre Machadinha de Leonardo Vasconcelos. Então, devido às constantes dúvidas na pesquisa conheci e estreitei laços com o imortal Alberto da Costa e Silva, tendo inclusive levado o mesmo para conhecer e ministrar uma palestra em Quissamã. Fruto dessas andanças, ele me concedeu uma entrevista em 18/06/2008 que ficou inédita até o dia de hoje. Mas que não posso mais me furtar a guardar esse tesouro só para mim.
Alberto da Costa e Silva é o maior africanista brasileiro. Estudioso do assunto há mais de 40 anos, já morou até na África devido ao seu oficio de embaixador. É membro da Academia Brasileira de Letras e possuí diversos livros publicados entre poesias, cultura, história e história africana, entre esses destacamos alguns: “A enxada e a lança”, “A manilha e o libambo”, “Um rio chamado Atlântico: A África no Brasil e o Brasil na África”, “Francisco Felix de Souza: mercador de escravos” e “Um passeio pela África”. Esses livros se tornam bibliografia básica para quem deseja conhecer ou se aprofundar um pouco na história africana, ou identificar as ligações desta com a brasileira. Fica aqui o adendo da blogueira. Para todos uma boa leitura!
Alberto da Costa e Silva é o maior africanista brasileiro. Estudioso do assunto há mais de 40 anos, já morou até na África devido ao seu oficio de embaixador. É membro da Academia Brasileira de Letras e possuí diversos livros publicados entre poesias, cultura, história e história africana, entre esses destacamos alguns: “A enxada e a lança”, “A manilha e o libambo”, “Um rio chamado Atlântico: A África no Brasil e o Brasil na África”, “Francisco Felix de Souza: mercador de escravos” e “Um passeio pela África”. Esses livros se tornam bibliografia básica para quem deseja conhecer ou se aprofundar um pouco na história africana, ou identificar as ligações desta com a brasileira. Fica aqui o adendo da blogueira. Para todos uma boa leitura!
Como surgiu o interesse por pesquisar sobre a África?
R: Muito cedo com os meus 16 anos, após ler Casa-grande e Senzala do Gilberto Freyre, Os africanos no Brasil de Nina Rodrigues e Os costumes africanos no Brasil de Manuel Querino. A leitura destes três livros foi reveladora e me deixou convencido já naquela época que era impossível entender o Brasil sem compreender a África. Não podíamos entender o Brasil sem estudar a história de Portugal, dos indígenas brasileiros e da África. Porque o Brasil fazia parte de um complexo econômico e cultural muito mais vasto que era o Atlântico que nos vinculava tanto a Europa quanto a África. E por isso eu escolhi um rio chamado atlântico para o título de um dos meus livros. Porque logo eu compreendi que na realidade o atlântico não havia separados os dois continentes, mas havia unido, porque nós havíamos trocado não só gente, mas também espécies vegetais, por assim dizer homogeneizado a paisagem dos dois lados do oceano. Esse interesse pela história da áfrica foi muito curioso porque durante muitas décadas eu acho que era única pessoa interessada em história da África. Um grande antropólogo que avançou neste sentido foi Arthur Ramos, mas ele morreu precocemente. Mas pelo seu livro sobre introdução a antropologia brasileira se pode verificar como ele estava em dia com a bibliografia da época que era anterior a sua época sobre as principais regiões do continente africano e possivelmente ele expandiria muito esse estudo se tivesse tido tempo.
R: Muito cedo com os meus 16 anos, após ler Casa-grande e Senzala do Gilberto Freyre, Os africanos no Brasil de Nina Rodrigues e Os costumes africanos no Brasil de Manuel Querino. A leitura destes três livros foi reveladora e me deixou convencido já naquela época que era impossível entender o Brasil sem compreender a África. Não podíamos entender o Brasil sem estudar a história de Portugal, dos indígenas brasileiros e da África. Porque o Brasil fazia parte de um complexo econômico e cultural muito mais vasto que era o Atlântico que nos vinculava tanto a Europa quanto a África. E por isso eu escolhi um rio chamado atlântico para o título de um dos meus livros. Porque logo eu compreendi que na realidade o atlântico não havia separados os dois continentes, mas havia unido, porque nós havíamos trocado não só gente, mas também espécies vegetais, por assim dizer homogeneizado a paisagem dos dois lados do oceano. Esse interesse pela história da áfrica foi muito curioso porque durante muitas décadas eu acho que era única pessoa interessada em história da África. Um grande antropólogo que avançou neste sentido foi Arthur Ramos, mas ele morreu precocemente. Mas pelo seu livro sobre introdução a antropologia brasileira se pode verificar como ele estava em dia com a bibliografia da época que era anterior a sua época sobre as principais regiões do continente africano e possivelmente ele expandiria muito esse estudo se tivesse tido tempo.
Quais seriam as grandes contribuições africanas para a história e a cultura brasileira?
R: Sem estudar a história africana é difícil compreender porque que determinados grupos de africanos vieram para determinadas partes do Brasil, porque vieram em grande quantidade em determinados momentos, porque vieram eles e não outros. Saber o que se passava na Nigéria nos séculos 17 e 18 ou em Angola nos século 16, 17 e 18 é essencial para compreendermos a história do Brasil. Curiosamente nós nos dedicamos mais a história européia, e às vezes estudamos com afinco o que se passava na Rússia de Pedro grande ou na Suécia de Gustavo, mas não conhecemos o Angola, Queluanje, nem tão pouco o Obá do Benim ou ainda Oni de Ifé, ou então o Borba dos Jalofos no entanto estes reis e os reinos que eles comandavam, foram importantíssimos na formação do Brasil e muito mais importantíssimos como a Rússia e a Suécia jamais foram em relação a nossa identidade.
É preciso não esquecer que durante 3 séculos a maioria da população brasileira era de origem africana. As diferentes culturas africanas permearam toda nossa vida em casa e a nossa vida na rua, a nossa maneira de sentar de comer, a nossa maneira de cumprimentar a africanização da nossa família, a organização das nossas casas, as atividades econômicas, a metalurgia do Brasil, do ouro e do ferro foram altamente influenciadas pelos africanos, a agricultura tropical, a nossa pecuária extensiva. Os africanos nos ensinaram a construir a casa rural do Brasil as estruturas de sopapo e pau a pique, por onde quer que nós olhemos, nós encontramos a presença africana, uma presença misturada com a presença européia, sobretudo com a presença portuguesa, porque é preciso nunca esquecer que as culturas dos vários grupos que formaram o Brasil não ficaram em estanque houve um dialogo permanente como alias todas as culturas sempre mantem diálogo, houve um diálogo permanente, completo diuturno, diário entre as diferentes formas culturais de modo que muitas vezes é impossível separar em determinados aspectos da vida brasileira o que é africano, o que é português e o que é ameríndio e as vezes vamos encontrar que um mesmo traço pode pertencer a todas, serão português serão africanas e serão ameríndias. Veja o caso da cuíca. O caso da cuíca é muito claro você tem a cuíca portuguesa, a cuíca celta e você tem a cuíca africana as duas vão se convergir no Brasil num mesmo instrumento. Então é difícil dizer qual foi a que predominou, se foi a cuíca celta dos portugueses ou se foi a cuíca dos africanos na nossa cuíca. E assim em vários outros aspectos da vida brasileira. O que se torna mais complexo ainda porque o Brasil também influenciou a África, um exemplo, na África hoje se toca o violão, o pandeiro, são instrumentos levados do Brasil para a África. Então você tem coisas muito curiosas, até hoje os africanos fazem a farinha de mandioca seguindo as mesmas técnicas dos antigos tupis, técnicas que eles aprenderam no Brasil. Você vê que houve uma troca permanente entre as duas margens do atlântico.
R: Sem estudar a história africana é difícil compreender porque que determinados grupos de africanos vieram para determinadas partes do Brasil, porque vieram em grande quantidade em determinados momentos, porque vieram eles e não outros. Saber o que se passava na Nigéria nos séculos 17 e 18 ou em Angola nos século 16, 17 e 18 é essencial para compreendermos a história do Brasil. Curiosamente nós nos dedicamos mais a história européia, e às vezes estudamos com afinco o que se passava na Rússia de Pedro grande ou na Suécia de Gustavo, mas não conhecemos o Angola, Queluanje, nem tão pouco o Obá do Benim ou ainda Oni de Ifé, ou então o Borba dos Jalofos no entanto estes reis e os reinos que eles comandavam, foram importantíssimos na formação do Brasil e muito mais importantíssimos como a Rússia e a Suécia jamais foram em relação a nossa identidade.
É preciso não esquecer que durante 3 séculos a maioria da população brasileira era de origem africana. As diferentes culturas africanas permearam toda nossa vida em casa e a nossa vida na rua, a nossa maneira de sentar de comer, a nossa maneira de cumprimentar a africanização da nossa família, a organização das nossas casas, as atividades econômicas, a metalurgia do Brasil, do ouro e do ferro foram altamente influenciadas pelos africanos, a agricultura tropical, a nossa pecuária extensiva. Os africanos nos ensinaram a construir a casa rural do Brasil as estruturas de sopapo e pau a pique, por onde quer que nós olhemos, nós encontramos a presença africana, uma presença misturada com a presença européia, sobretudo com a presença portuguesa, porque é preciso nunca esquecer que as culturas dos vários grupos que formaram o Brasil não ficaram em estanque houve um dialogo permanente como alias todas as culturas sempre mantem diálogo, houve um diálogo permanente, completo diuturno, diário entre as diferentes formas culturais de modo que muitas vezes é impossível separar em determinados aspectos da vida brasileira o que é africano, o que é português e o que é ameríndio e as vezes vamos encontrar que um mesmo traço pode pertencer a todas, serão português serão africanas e serão ameríndias. Veja o caso da cuíca. O caso da cuíca é muito claro você tem a cuíca portuguesa, a cuíca celta e você tem a cuíca africana as duas vão se convergir no Brasil num mesmo instrumento. Então é difícil dizer qual foi a que predominou, se foi a cuíca celta dos portugueses ou se foi a cuíca dos africanos na nossa cuíca. E assim em vários outros aspectos da vida brasileira. O que se torna mais complexo ainda porque o Brasil também influenciou a África, um exemplo, na África hoje se toca o violão, o pandeiro, são instrumentos levados do Brasil para a África. Então você tem coisas muito curiosas, até hoje os africanos fazem a farinha de mandioca seguindo as mesmas técnicas dos antigos tupis, técnicas que eles aprenderam no Brasil. Você vê que houve uma troca permanente entre as duas margens do atlântico.
Como surgiu A enxada e a lança, A manilha e o libambo? Como o senhor compõe seus livros e títulos?
R: Os títulos surgem de repente, quando o livro já está pela metade. E no caso da enxada e a lança, o que é que eu procurei reunir o instrumento de vida que é a enxada e o instrumento de morte que é a lança, o instrumento feminino que é a enxada, porque a enxada na África era usado pelas mulheres que faziam cultivo dos vegetais e o instrumento masculino que era a lança, um instrumento de paz e um instrumento de guerra. Então na realidade o que é que o título do livro significa: o homem e a mulher, a guerra e a paz, a vida e a morte. Já a manilha e o libambo é diferente, porque é um livro que trata da África e da escravidão entre 1500 e 1700, então porque a manilha e porque libambo? A manilha porque era a principal moeda para aquisição de escravos, a manilha era uma espécie de bracelete de cobre que era usado como moeda na África e já era usado antes dos portugueses chegarem e depois passou a ser um instrumento de compra de escravos extremamente importante e o libambo era a cólera e corrente que se atava o pescoço de um escravo ao outro, podia ser metálica, podia ser de corda, podia ser de forquilha de madeira, cada forquilha a envolver o pescoço de um escravo e o libambo também passou a chamar a caravana dos escravos por extensão do sentido, o livro significa o comércio e a captura, os dois instrumentos básicos daquele que fazia o castigo de escravos que o amarrava e o levava do interior para o litoral e a moeda que o adquiria. Este terceiro volume que eu estou escrevendo eu vou ter que encontrar um título que traduza o impacto do europeu na África de 1700 a 1900, eu terei que encontrar um título que coloque frente a frente o fuzil do europeu a arma do africano, ainda não encontrei. Eu escrevo história da África porque é uma velha paixão e porque a história da África tem um conteúdo poético, porque a história da África exige boa quantidade de documentos, uma dificuldade de interpretação da história oral e exige um grande exercício de imaginação para preencher os vazios de interpretação. Nós sempre aspiramos a fazer os grandes retalhos, as grandes tapeçarias, as grandes interpretações.
R: Os títulos surgem de repente, quando o livro já está pela metade. E no caso da enxada e a lança, o que é que eu procurei reunir o instrumento de vida que é a enxada e o instrumento de morte que é a lança, o instrumento feminino que é a enxada, porque a enxada na África era usado pelas mulheres que faziam cultivo dos vegetais e o instrumento masculino que era a lança, um instrumento de paz e um instrumento de guerra. Então na realidade o que é que o título do livro significa: o homem e a mulher, a guerra e a paz, a vida e a morte. Já a manilha e o libambo é diferente, porque é um livro que trata da África e da escravidão entre 1500 e 1700, então porque a manilha e porque libambo? A manilha porque era a principal moeda para aquisição de escravos, a manilha era uma espécie de bracelete de cobre que era usado como moeda na África e já era usado antes dos portugueses chegarem e depois passou a ser um instrumento de compra de escravos extremamente importante e o libambo era a cólera e corrente que se atava o pescoço de um escravo ao outro, podia ser metálica, podia ser de corda, podia ser de forquilha de madeira, cada forquilha a envolver o pescoço de um escravo e o libambo também passou a chamar a caravana dos escravos por extensão do sentido, o livro significa o comércio e a captura, os dois instrumentos básicos daquele que fazia o castigo de escravos que o amarrava e o levava do interior para o litoral e a moeda que o adquiria. Este terceiro volume que eu estou escrevendo eu vou ter que encontrar um título que traduza o impacto do europeu na África de 1700 a 1900, eu terei que encontrar um título que coloque frente a frente o fuzil do europeu a arma do africano, ainda não encontrei. Eu escrevo história da África porque é uma velha paixão e porque a história da África tem um conteúdo poético, porque a história da África exige boa quantidade de documentos, uma dificuldade de interpretação da história oral e exige um grande exercício de imaginação para preencher os vazios de interpretação. Nós sempre aspiramos a fazer os grandes retalhos, as grandes tapeçarias, as grandes interpretações.
E o tráfico, brasileiros estiveram envolvidos no tráfico de escravos?
R: O tráfico de escravos para o Brasil foi basicamente organizado e controlado pelos que viviam no Brasil que eram chamados de portugueses americanos, nascidos na América e os portugueses reinóis, portugueses metropolitanos, mas foi um trafico de escravos basicamente organizado no Brasil, no início foi em Portugal, mas logo depois começou a ser organizado no Rio de Janeiro, no Recife na Bahia, em São Paulo, em Belém, em São Luís, mas sobretudo organizado em dois lugares no Rio de Janeiro em relação a Angola, a África Centro Ocidental e na Bahia com relação ao Golfo do Benim, quer dizer os grandes capitais, as grandes organizações dos navios e até mesmo os produtos eram embarcados em portos brasileiros, sem a farinha de mandioca, sem o fumo em rolo, sem aguardente ou geribita (cachaça em dialeto africano) não se comerciava na África, é verdade que outros produtos eram os algodões indianos, a metalurgia européia, as contas de Veneza, mas esses produtos iam para o Brasil e daqui eram reexportados para África para servirem de moeda para a compra de nativos.
R: O tráfico de escravos para o Brasil foi basicamente organizado e controlado pelos que viviam no Brasil que eram chamados de portugueses americanos, nascidos na América e os portugueses reinóis, portugueses metropolitanos, mas foi um trafico de escravos basicamente organizado no Brasil, no início foi em Portugal, mas logo depois começou a ser organizado no Rio de Janeiro, no Recife na Bahia, em São Paulo, em Belém, em São Luís, mas sobretudo organizado em dois lugares no Rio de Janeiro em relação a Angola, a África Centro Ocidental e na Bahia com relação ao Golfo do Benim, quer dizer os grandes capitais, as grandes organizações dos navios e até mesmo os produtos eram embarcados em portos brasileiros, sem a farinha de mandioca, sem o fumo em rolo, sem aguardente ou geribita (cachaça em dialeto africano) não se comerciava na África, é verdade que outros produtos eram os algodões indianos, a metalurgia européia, as contas de Veneza, mas esses produtos iam para o Brasil e daqui eram reexportados para África para servirem de moeda para a compra de nativos.
Os quilombos seriam na verdade uma recriação de comunidades africanas aqui no Brasil?
R: Eu tenho a impressão que havia quilombos de vários tipos. Havia aqueles quilombos formados por aristocratas africanos fugitivos e que recriaram estruturas políticas africanas no Brasil e como houve quilombos que foram simplesmente conglomerados de africanos fugidos pertencentes a distintos grupos que não chegaram a organizar-se como estado e que até mesmo guardaram dos senhores a língua e a religião, quilombos que sempre falaram português em vez de falar línguas africanas e houve aqueles quilombos que foram criações brasileiras que uniram aspectos africanos as condições locais no Brasil. O que é fato porém e que a gente não pode esquecer é que boa parte dos escravos que vieram para o Brasil, os africanos que vieram para o Brasil como mão-de-obra escravizada, era constituída por guerreiros por pessoas que foram capturadas durante guerras que trouxeram para o Brasil os seus conhecimentos bélicos. Então é muito curioso como em muitos dos quilombos estudados, se encontram proteções que são exatamente constatadas com vilas fortificadas nas comunidades africanas com espinhos envenenados, as muralhas de troncos reforçadas com barro e pedra, os mesmos tipos de fortificações e quando lemos as histórias de resistências destes quilombos vamos encontrar as mesmas táticas de defesa de guerra. É evidente que há quilombos e quilombos e cada um deles tem sua formação que pode ser menos ou mais africana. É preciso não esquecer nunca que a África tinha uma reconstrução permanente de etnias, que um grupo de aristocratas podia criar uma nova cultura, um novo povo, impondo-se sobre determinados grupos. É de crer-se e eu creio que alguns quilombos no Brasil aconteceu exatamente isso, e isso parece ser o caso do Quilombo dos Palmares, que em grande parte seria uma reconstrução brasileira, mas que estavam aglutinados em torno de uma aristocracia ambunda, porque os títulos ganga-zumba, zumbi, são todos títulos ambundos de aristocracia e de poder ambundo, e você tem outros sinais de que alguns desse quilombos que embora formados por pessoas de etnias de diversos povos e até mesmo de brancos e de mulatos, que estavam nos quilombos, cristãos-novos, perseguidos por pequenos ou grandes delitos, que fugiram e se juntavam aos quilombolas que formavam uma nova sociedade, mas que tinham poder aglutinador, uma pequena elite armada, uma pequena elite aristocrática africana.
R: Eu tenho a impressão que havia quilombos de vários tipos. Havia aqueles quilombos formados por aristocratas africanos fugitivos e que recriaram estruturas políticas africanas no Brasil e como houve quilombos que foram simplesmente conglomerados de africanos fugidos pertencentes a distintos grupos que não chegaram a organizar-se como estado e que até mesmo guardaram dos senhores a língua e a religião, quilombos que sempre falaram português em vez de falar línguas africanas e houve aqueles quilombos que foram criações brasileiras que uniram aspectos africanos as condições locais no Brasil. O que é fato porém e que a gente não pode esquecer é que boa parte dos escravos que vieram para o Brasil, os africanos que vieram para o Brasil como mão-de-obra escravizada, era constituída por guerreiros por pessoas que foram capturadas durante guerras que trouxeram para o Brasil os seus conhecimentos bélicos. Então é muito curioso como em muitos dos quilombos estudados, se encontram proteções que são exatamente constatadas com vilas fortificadas nas comunidades africanas com espinhos envenenados, as muralhas de troncos reforçadas com barro e pedra, os mesmos tipos de fortificações e quando lemos as histórias de resistências destes quilombos vamos encontrar as mesmas táticas de defesa de guerra. É evidente que há quilombos e quilombos e cada um deles tem sua formação que pode ser menos ou mais africana. É preciso não esquecer nunca que a África tinha uma reconstrução permanente de etnias, que um grupo de aristocratas podia criar uma nova cultura, um novo povo, impondo-se sobre determinados grupos. É de crer-se e eu creio que alguns quilombos no Brasil aconteceu exatamente isso, e isso parece ser o caso do Quilombo dos Palmares, que em grande parte seria uma reconstrução brasileira, mas que estavam aglutinados em torno de uma aristocracia ambunda, porque os títulos ganga-zumba, zumbi, são todos títulos ambundos de aristocracia e de poder ambundo, e você tem outros sinais de que alguns desse quilombos que embora formados por pessoas de etnias de diversos povos e até mesmo de brancos e de mulatos, que estavam nos quilombos, cristãos-novos, perseguidos por pequenos ou grandes delitos, que fugiram e se juntavam aos quilombolas que formavam uma nova sociedade, mas que tinham poder aglutinador, uma pequena elite armada, uma pequena elite aristocrática africana.
Como foi morar na África?
R: Eu morei pouco tempo na África, 3 anos, mas antes eu viajei muito pela África. Desde 1960 que eu viajo pela África e procurei ver o quer possível a fim de confrontar o que eu havia lido com o que eu estava presenciando. Na verdade ter ido à África e ter vivido lá foi muito importante para compreender o continente africano, para compreender a África como um todo e sobretudo as enormes diferenças que há entre as culturas africanas.
R: Eu morei pouco tempo na África, 3 anos, mas antes eu viajei muito pela África. Desde 1960 que eu viajo pela África e procurei ver o quer possível a fim de confrontar o que eu havia lido com o que eu estava presenciando. Na verdade ter ido à África e ter vivido lá foi muito importante para compreender o continente africano, para compreender a África como um todo e sobretudo as enormes diferenças que há entre as culturas africanas.
Qual a importância da lei 10.639/2003?
R: Ela representa uma virada, no sentido de desoeuropeizar a nossa história. A Europa é importante na história, o nosso esqueleto social é português, mas o que nós nunca nos lembramos que o nosso sistema nervoso é africano. É preciso estudar a história africana como se estuda a história européia no Brasil, agora é preciso que a história africana não seja estudada como um gueto,é preciso que ela faça parte da história geral como a Europa, no seu contexto global e não como curiosidade folclórica, nem como enfeite, nem guetificá-la, separadamente do resto, da história universal e deve estar também incluída na história do Brasil. A presença do ser africano, o papel do escravo na economia brasileira, o escravo não sofria apenas maus-tratos e era humilhado, apesar disso ele foi o construtor do Brasil, ele trouxe novas técnicas, trouxe seu trabalho, ele foi o elemento positivo da história brasileira, ele está em todos os elementos da vida brasileira ele e seus descendentes, estão no exército, estão na agricultura, na industria, no ensino, na criação intelectual, estão em todas os aspectos da vida brasileira e isso é preciso destacar. Destacar o papel fundador e criador do escravo no Brasil, com mão de obra especializada, o escravo como introdutor de técnicas no Brasil e como construtor do Brasil. O que as pessoas precisam ter em mente e eu venho repetindo isso há anos é que não é possível compreender a história brasileira sem ter uma perspectiva africana.
R: Ela representa uma virada, no sentido de desoeuropeizar a nossa história. A Europa é importante na história, o nosso esqueleto social é português, mas o que nós nunca nos lembramos que o nosso sistema nervoso é africano. É preciso estudar a história africana como se estuda a história européia no Brasil, agora é preciso que a história africana não seja estudada como um gueto,é preciso que ela faça parte da história geral como a Europa, no seu contexto global e não como curiosidade folclórica, nem como enfeite, nem guetificá-la, separadamente do resto, da história universal e deve estar também incluída na história do Brasil. A presença do ser africano, o papel do escravo na economia brasileira, o escravo não sofria apenas maus-tratos e era humilhado, apesar disso ele foi o construtor do Brasil, ele trouxe novas técnicas, trouxe seu trabalho, ele foi o elemento positivo da história brasileira, ele está em todos os elementos da vida brasileira ele e seus descendentes, estão no exército, estão na agricultura, na industria, no ensino, na criação intelectual, estão em todas os aspectos da vida brasileira e isso é preciso destacar. Destacar o papel fundador e criador do escravo no Brasil, com mão de obra especializada, o escravo como introdutor de técnicas no Brasil e como construtor do Brasil. O que as pessoas precisam ter em mente e eu venho repetindo isso há anos é que não é possível compreender a história brasileira sem ter uma perspectiva africana.
Um comentário:
A Polícia Federal deflagrou uma operação onde prendeu um susecretário de governo, seu pai e outro cidadão (maiores detalhes no blog Eu penso que, de Ricardo André) abordando a questão da compra de votos nas últimas eleições municipais em Campos.
Garotinho em seu blog, tentou minorizar os fatos, atribuindo a prática á duas pessoas, Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber, tirando o dele da reta.
Diz um ditado popular que "macaco esconde o rabo para falar mal do rabo dos outros". É mais ou menos, ou melhor é exatamente isso que Garotinho está fazendo, querendo jogar areia nos olhos dos outros.
Ele deve estar brincando com a inteligência dos cidadãos, o Thiago Calil, foi homem de confiança na campanha da prefeita eleita, tanto que, foi o segundo a ser nomeado para o seu secretariado, conforme bem lembrou Ricardo André em seu blog.
Thiago Calil, usou cheques, cartão de crédito de uma senhora chamada Núbia, que participou ativamente da campanha eleitoral da prefeita e, levou ao final da campanha, "um banho", quando pararam de depositar na conta dela, o dinheiro para cobrir os cheques, causando um prejuízo não só à ela, como também aos comerciantes que não receberam os créditos aos quais tinham direito. Isso está fartamente documentado e amplamente noticiado na imprensa.
Ele, o Garotinho, vem, numa tentativa tola, querer manipular números, como se imbecis fôssemos, mostrando a votação de sua esposa e de seu concorrente, ali, parelha. Devemos lembrar que basta um voto comprado, um apenas para que a lei seja descumprida e, pelo visto, não foi apenas um voto só não, foram muitos.
Não nos interessa que Vila Nova possua menos de 1% do eleitorado, numa Democracia, um voto tem o mesmo valor de 10, de 100, de 1.000, de 1.000.000 e vai por aí afora. Ele, Garotinho é um tremendo de um cara-de-pau, ao tentar desqualificar o eleitorado de Vila Nova, na tentativa de vender a tese de que os votos comprados ali, não teriam influência nas eleições.
Haja óleo de peroba.
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