Em e-mail pessoal recebido no final da manhã de ontem, a Ímpar Comunicação convocou para uma entrevista coletiva, no Instituto Federal Fluminense (IFF, ex-Cefet/Campos), na próxima terça, dia 26, às 9h30, o jornalista responsável pelas entrevistas da Folha que tornaram públicas as polêmicas questões políticas internas da centenária instituição de ensino. Um pouco depois, no início da tarde, uma jornalista da Ímpar ligou para reforçar o convite, segundo ela, a pedido da própria reitora do IFF, professora Cibele Daher.
Convite por telefone
O motivo do reforço telefônico, para complementar verbalmente o convite escrito, seria oferecer, ao responsável pela cobertura do caso, a chance de enfim entrevistar a reitora. Na verdade, o convite à entrevista havia sido feito a ela, por telefone, desde a última semana de abril, após a publicação da entrevista com o professor Luiz Augusto Caldas, diretor de Políticas da secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, no dia 26 daquele mês.
Convite descumprido
Verdade também que o descumprimento da primeira data agendada à entrevista, dia 5 de maio, uma terça-feira, se deu por parte do entrevistador, retido em outro estado, em viagem de prolongamento não planejado. Comunicada previamente por telefone, Cibele concordou em reagendar para a terça seguinte, dia 12, no mesmo horário e local: o IFF.
Convite a Roberto
De volta a Campos só no dia 6, o entrevistador ouviu o presidente da seção local do Sinasefe, professor Paulo Caxinguelê. Como esta fez acusações de uso da escola para lançar a candidatura a deputado ou prefeito do professor Roberto Moraes, pró-reitor do IFF, este foi não só previamente informado do teor da entrevista, no sábado anterior (dia 9) à sua publicação dominical (dia 10), como foi também convidado a ocupar o mesmo espaço, no domingo seguinte à veiculação da entrevista com Cibele, previsões que não se cumpriram.
Convites sem êxito
No dia 12, Cibele ligou para desmarcar a entrevista, também por motivo de viagem, mas agora dela. Ressalvou, no entanto, que telefonaria novamente, na terça seguinte, dia 19, para remarcar a data. Como isso não ocorreu, uma ligação da Folha foi feita naquela semana. A reitora atendeu, disse que estava em reunião, mas retornaria mais tarde, no mesmo dia, o que voltou a não acontecer.
Sem retorno
Paralelamente às tentativas de contato com Cibele, duas ligações foram feitas a Roberto, nas duas semanas seguintes à entrevista com Caxinguelê. Na primeira, em sua residência, informaram que ele estava viajando. Na segunda, no IFF, informaram que estava em sala de aula. Nas duas oportunidades foram deixados recados e pedidos de retorno, ambos não atendidos.
Contradição
A assessora que personalizou por telefone o convite oficial à coletiva, disse que este se dava pelo grande interesse de outros jornais pelas questões internas da escola, na sua passagem de Cefet a IFF. Estranho, pois nenhum outro jornal de Campos publicou um linha sequer sobre o assunto. Foi o próprio Ro-berto Moraes que, no dia 10, escreveu, criticando a entrevista de Caxinguelê: "A Folha da Manhã, o mesmo e único jornal a tratar do tema" e que seria "no mínimo discutível o espaço que só este veículo destinou ao tema".
+ contradição
Ligações à parte, o convite oficial à coletiva com Cibele diz que "o objetivo é convocar a população para as audiências públicas que serão realizadas em virtude das discussões do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), a partir da implantação do IF Fluminense". Novamente estranho, pois na nota oficial divulgada no dia 28 de abril, em resposta à entrevista do Luiz Augusto, foi a própria Cibele que disse: "Só me resta lamentar que possíveis divergências internas venham a ser tornadas públicas".
Ao público
Foi a entrevista com Luiz Augusto à Folha, em 26 de abril, que tornou públicos os protestos de estudantes, servidores, professores do IFF, além de dissidentes do próprio grupo da reitoria, pelo direito de eleger, no voto, os diretores dos campi Campos-Centro e Macaé. Trata-se de direito assegurado na própria lei federal 11.892, que transformou os Cefet’s de todo o país em IF’s, e abriu desde 29 de dezembro de 2008 um prazo de 180 dias à discussão do estatuto e do PDI, prévios e necessários à eleição.
Antes tarde...
Após quatro meses desperdiçados, foi necessário o basta de Luiz Augusto, em nome do ministério da Educação, para que, dois dias depois, instituições imprescindíveis à discussão, como o Sinasefe e o grêmio estudantil, fossem convidadas participar. E não deixa de ser curioso que exatamente um mês após a entrevista da Folha que abriu o assunto à comunidade, só agora a comunidade seja também convidada ao debate.
Fonte: Jornal Folha da Manhã
Aluysio Cardoso Barbosa - pontofinal@fmanha.com.br
23/05/2009
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